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História abreviada da literatura portátil

Enrique Vila-Matas

História abreviada da literatura portátil é uma espécie de porta de entrada para a obra do autor catalão, onde surge algumas de suas marcas, como a exploração de biografias de personagens escritores.

A história conta a ensandecida trajetória de um grupo de intelectuais, pintores e escritores que, em 1924, decidem fundar uma sociedade secreta. Encontravam-se entre estes Duchamp, Scott Fitzgerald, Walter Benjamin, Cesar Vallejo, Man Ray, Tristan Tzara, Rita Malú, Georgia O’Keefe, Valery Larbaud, Federico García Lorca e muitos outros.

Conhecidos como portáteis ou shandys – uma homenagem ao Tristam Shandy, de Laurence Sterne – o grupo, seletíssimo e obscuro, tem entre seus ideais o amor à escrita como diversão, o espírito inovador e a autoria de obras que pudessem caber facilmente numa maleta. O projeto gráfico da edição acompanha a identidade visual da coleção, porém em formato de bolso, num tributo aos shandys de Vila-Matas.

 


Enrique Vila-Matas 🇪🇸 (1948-) é um premiado escritor catalão, nascido em Barcelona. As suas obras são uma mescla de ensaio, crónica jornalística e novela. A sua literatura, fragmentária e irónica, dilui os limites entre a ficção e a realidade. Em 1968 foi viver em Paris, autoexilado do governo de Franco e à procura de maior liberdade criativa.

Exploradores do Abismo

Enrique Vila-Matas

A obra apresenta 19 narrativas nas quais o autor retoma alguns de seus temas clássicos, como o vazio, o anonimato, o desaparecimento do autor e os intercâmbios entre vida e literatura. Exploradores do abismo reúne ideias, citações, fragmentos, linhas narrativas – protagonizada por personagens à beira do precipício, seres que se detém ante o vazio e o estudam e analisam. Nestes contos, que se ligam em surdina aos de Suicídios Exemplares, é como se Enrique Vila-Matas estendesse uma corda para equilibristas que não parecem tão interessados na travessia, mas sim em mergulhar em si mesmos.’Há neste livro histórias sobre as diversas formas de relacionar-se com a angústia e também histórias sobre a criatividade extrema que pode surgir, às vezes, quando estamos a um passo do abismo’ diz o autor.

Às vezes parece
que estamos no centro da festa
No entanto
no centro da festa não há ninguém
No centro da festa está o vazio
Mas no centro do vazio há outra festa.

Roberto Juarroz In: Poesía Vertical

“[…]Jamais esquecer que tudo o que era familiar e cotidiano era estranho e, por outro lado, o excepcional devia sempre parecer algo perfeitamente normal.”

“É bem sabido, claro, que numa minoria seleta há uma maioria de imbecis.”

“…comerciante de angústias não verdadeiras…”

“‘ser bom’ com alguém leva quase sempre este a reduzir-se à escravidão.”

“Somos empurrados para o jogo da vida, ensinam-nos as regras, e quando você se descuida, já está na antessala, já está morto.”

“[…] sempre pensei que há muitas maneiras de chegar e que o melhor é não partir.”

“-É que eu sou um dos que viu tudo se esvaziar. Portanto, sou um dos que sabe o que é que preenche tudo.”

“Luc se perdeu por longos instantes, como quem se perde, noite fechada, no corredor de sua própria casa.”

“[…] aquelas horas em que finalmente conseguira refletir sobre o mundo, sobre nossa vulnerabilidade congênita, sobre a fragilidade do ser humano.”

“O tempo não é como pensam os tristes humanos, nunca perde tempo com passatempos.”

“[…] não era conveniente temer a morte, temer uma coisa tão breve durante tanto tempo.”

“[…] que o humor é a última coisa que se perde.”

“Encontraram na vida a simplicidade que só existe quando contamos uma história…”

“[…] desprezava as artes da imaginação, pois lhe pareciam um truque para dissimular o imenso vazio de nossa mortalidade.”

“Um verdadeiro artista é sempre um solitário de si mesmo.”


Enrique Vila-Matas 🇪🇸 (1948-) é um premiado escritor catalão, nascido em Barcelona. As suas obras são uma mescla de ensaio, crónica jornalística e novela. A sua literatura, fragmentária e irónica, dilui os limites entre a ficção e a realidade. Em 1968 foi viver em Paris, autoexilado do governo de Franco e à procura de maior liberdade criativa.

Suicídios Exemplares

Enrique Vila-Matas

Quando peguei este livro de Enrique Vila-Matas, sabia que o leria rápido. A temática do suicídio não deixa de ser polêmica; evitada por muitos, espiada por vários. Lembro até que uma colega que estava comigo na hora da compra achou o título “super alto astral”, a sarcástica. Lamentei por ela. É preciso muito mais que astral para ter interesse e até humor no que há de mais obscuro na alma humana.

“Porque ler e fumar eram suas duas atividades favoritas.”

Minha edição é o sexto da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, foi um livro comprado na ordem da coleção, antes nunca tinha ouvido falar dele, ou do autor. A capa me chamou a atenção: um emaranhado de fios elétricos em um poste. Consigo ver vários significados para essa imagem, mas a confusão mental, o interfluxo de pensamentos e sensações, é para mim o mais forte, aquele capaz da descarga elétrica que leve a um suicídio, seja qual for.

O escritor Joca Reiners Terron, quem escreveu a contra-capa do livro, chamou Enrique Vila-Matas de “ideólogo do fiasco“. Já que com ironia e humor, o autor nos traz neste livro dez contos em que as personagens consideram seu suicídio. Mas o ato, no entanto, nunca chega a acontecer – não como o leitor espera. A ideia de acabar com a própria vida vira a solução para as frustrações e solidões. Mas no livro, a obsessão pelo suicídio acaba, paradoxalmente, afastando a tentação da morte, passando a ser um motivador da vida e mudando o rumo de tudo. Apesar de ser um livro sobre suicídios, ele nos leva a diferentes caminhos positivos.

Suicídios Exemplares também funcionou como ferramenta de autoconhecimento. Em entrevista à Folha de São Paulo, Enrique Vila-Matas comentou que:

“Durante o livro, corria o risco de ser tentado pela sedução que poderia me oferecer não só o tema, mas o ato em si. E, quando o terminei, o que comprovei é que havia escrito algo enormemente vital e otimista. No livro quase ninguém se mata, é curioso. Descobri que tinha uma visão de mundo negra no sentido do humor, mas pouco negativa”.


Enrique Vila-Matas 🇪🇸 (1948-) é um premiado escritor catalão, nascido em Barcelona. As suas obras são uma mescla de ensaio, crónica jornalística e novela. A sua literatura, fragmentária e irónica, dilui os limites entre a ficção e a realidade. Em 1968 foi viver em Paris, autoexilado do governo de Franco e à procura de maior liberdade criativa.