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No enxame

Byung-Chul Han

Arrastamo-nos por trás da mídia digital, que, aquém da decisão consciente, transforma decisivamente nosso comportamento, nossa percepção, nossa sensação, nosso pensamento, nossa vida em conjunto. Um enxame digital! Embriagamo-nos hoje em dia da mídia digital, sem que possamos avaliar inteiramente.

A ascenção da psicopolítica na era digital
Para além da autopublicidade de intelectuais da atualidade, o filósofo coreano Byung-Chul Han, sendo suficientemente afastado das redes sociais e com uma grande bagagem de experiências e leituras filosóficas, se preocupa em manter o olhar afastado desse excesso de informações digitais para justamente poder observar com cautela os riscos psíquicos dessa aglomeração de pessoas e ideias, ou como o próprio se refere: o enxame. Na sociedade observada por Foucault, falávamos sobre biopolítica e a dominação das massas, no entanto para Han, o termo “massa” se torna obsoleto uma vez que massas são formadas por almas, e o indivíduo contemporâneo narcísico é completamente vazio de experiência de espírito uma vez que se encontra primordialmente fechado em si. Assim, nos encontramos em um enxame absoluto, onde diversos indivíduos narcísicos se aglomeram para acumular informações divergentes a fim de extravasar, mas jamais dialogar ou trocar vivências. Da mesma forma, a “manipulação das massas” acontece agora através da violência interna do indivíduo do enxame que é senhor e escravo de si ao mesmo tempo. As redes sociais servem de ferramenta para o controle de informações de organizações, a manutenção do poder se dá pelo controle psíquico de Narciso que se expõe por vaidade e se entrega por inocência à uma tempestade de capital.

Em busca do real perdido

Alain Badiou

O que é o real? Hoje em dia, o real aparece sempre como aquilo que intimida. Não temos como escapar do real, ele está aí, impõe-se a nós como uma lei inexorável. Por uma ironia da história, quem pretende deter os segredos do real no mundo contemporâneo são os economistas, que o apresentam para nós através de planilhas, gráficos e números pretensamente objetivos, que diriam a última palavra sobre o real. As projeções econômicas apresentam-se, em geral, como catástrofe: caso seus modelos não sejam implementados, tudo pode ruir. Apesar da sua total incapacidade não apenas de prever, mas ainda de compreender os desastres que ela mesma produz, a economia sobrevive à sua própria impotência, porque todos, ou quase, parecem continuar acreditando na peça representada em escala planetária pelo capitalismo.

A democracia imaginária. Mas o que é o real? Será mesmo isso que os economistas, amparados pelos políticos profissionais e pela mídia, dizem que ele é? Pergunta filosófica por excelência: desde a Grécia Antiga, a indagação acerca da natureza do real não pode ser entregue exclusivamente à ciência, ou a seus duplos. Neste livro absolutamente indispensável para quem quer pensar os impasses do Brasil e do mundo hoje, Alain Badiou, numa linguagem acessível, recorre, entre outras coisas, ao teatro, à psicanálise e à poesia a fim de expor os impasses da apreensão do real. Para o autor, a questão filosófica do real é a questão de saber se podemos ou não modificar o mundo, tornar suas fissuras visíveis e, assim, escapar dessa imposição, desse discurso. Não se trata de negar o real, mas de afirmar que, com a mesma paixão alegre que busca o que há de real no real, ainda podemos reinventá-lo.

Agonia do Eros

Byung-Chul Han

O Eros se aplica, em sentido enfático, ao outro, que não pode ser abarcado pelo regime do eu. No inferno do igual, que iguala cada vez mais a sociedade atual, não mais nos encontramos, portanto, com a experiência erótica, que pressupõe a transcendência, a radical singularidade do outro. O terror da imanência, que transforma tudo em objeto de consumo, destrói a cupidez erótica. O outro que eu desejo e que me fascina é sem-lugar; ele se retrai à linguagem do igual. O desaparecimento do outro é um sinal da sociedade que vai se tornando cada vez mais narcisista; a sociedade, esgotada a partir de si, não consegue se libertar para o outro. É uma sociedade sem eros.