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tudo é cor de rosa

Fiódor Dostoiévski

“E agora é primavera, então minhas ideias são sempre tão bonitas, nítidas, inventivas, e os sonhos que tenho são ternos; tudo é cor de rosa.”

 

“And now it’s spring, so my ideas are always so nice, sharp, inventive, and the dreams I have are tender; everything is rose-coloured.”


In: Fiódor Dostoiévski, Poor People


Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski 🇷🇺 (1821-1881) foi um escritor, filósofo e jornalista nascido em Moscou. É considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história, bem como um dos maiores investigadores da psique. Formado em Engenharia, Dostoiévski trabalhou integralmente como escritor, produzindo romances, novelas, contos, memórias, escritos jornalísticos e escritos críticos. Além disso, atuou como editor em revistas próprias e participou de atividades políticas. Suas obras mais importantes foram as literárias, onde abordou o significado do sofrimento e da culpa, o livre-arbítrio, o cristianismo, o racionalismo, o niilismo, a pobreza, a violência, o assassinato, o altruísmo, além de analisar transtornos mentais, muitas vezes ligados à humilhação, ao isolamento, ao sadismo, ao masoquismo e ao suicídio.

Primavera

Edvard Munch

Na primavera se vence a batalha contra o inverno. A brisa suave e a luz suave do sol entram pela janela, as flores começam a desabrochar e um pequeno pardal está pronto para sentar no parapeito e cantar uma cantiga para alegrar os dias solitários desta jovem fraca e doente. Nesta cena simples, quase de gênero, Edvard Munch conseguiu transmitir muita profundidade e emoção.

O detalhe mais comovente é o rosto mudo e fantasmagórico, com as pálpebras quase fechadas. Enquanto o sol banha o quarto com um brilho amarelado, ela afasta a cabeça, afastando-se simbolicamente da vida e da leveza: olhos lacrimejantes que já veem o outro lado. Sua cabecinha e o rosto meigo apoiam-se no alvo travesseiro, despertam empatia e compaixão no espectador porque se tem a sensação de que a morte começa a nascer dentro dela, assim como a primavera começa a viver lá fora.

O seu rosto irradia calma e beleza espiritual, mas a quietude que envolve a sala é ilusória, pois o momento da morte ainda está por chegar e a cena que vemos é apenas a calmaria antes da tempestade. O fim da longa luta e da dor está próximo, e sua alma em breve estará dançando com as margaridas brancas e puras da campina.

Não temos o frenesi expressionista completo de Munch, mas sua obsessão pela morte e a consciência dela prevalecem. A morte foi a noiva silenciosa de Munch e sua companheira mais fiel desde a infância; sua mãe morreu de tuberculose quando ele tinha cinco anos, sua irmã Johanne Sophie morreu do mesmo mal em 1877, aos quatorze anos, e ele próprio tinha a saúde frágil. A morte da irmã o afetou profundamente e ele retornou inúmeras vezes a esse sentimento de perda e tragédia em sua carreira artística, fazendo diversas versões do quadro A Criança Doente, “Det Syke Barn” (1885-86).

Foi com esta pintura, que Munch se afastou do impressionismo e pintou pela primeira vez num estilo que mais tarde seria chamado de expressionismo. O tema era tal que era necessária profundidade e emoções, e um novo estilo. É interessante que em “Primavera”, que foi pintado alguns anos depois, ele voltou, por um momento, a um estilo de pintura mais realista que se parece mais com algumas cenas do gênero vitoriano do que com a arte pela qual Munch é conhecido.

O livro da primavera

Rotraut Susanne Berner

Chegou a primavera à cidade. E com ela, o bom tempo. Todos querem sair de casa e encontram-se no jardim, na praça, nos grandes armazens ou no parque.  A Beatriz e o João querem jogar à bola no parque, o Fernando tem muito que transportar e a Daniela vai buscar a Joana à estação dos comboios.

A bela série dos livros das estações de R. S. Berner é uma obra emblemática na história dos livros-formigueiro. A grande ilustradora alemã convida-nos a descobrir as pequenas histórias dos habitantes desta animada cidade ao longo de um dia… e do ano! Cada um destes grandes livros de cartão e sem palavras, ambientados nas quatro estações do ano, apresenta-nos uma sucessão de cenârios idêntica em toda a série. Um corte transversal da vida numa cidade na primavera repleta de pormenores e curiosidades por descobrir.

Trad. Bárbara Santos | Editora Albana Lima


Rotraut Susanne Berner 🇩🇪 (1948-) ilustradora nascida na Alemanha. Estudou design gráfico na Universidade de Ciências Aplicadas de Munique. Desde 1977 trabalha como ilustradora e editora principalmente para o público infantil e juvenil. Recebeu inúmeros prémios pelo seu trabalho, como o Deutscher Jugendliteraturpreis de ilustração e o prestigiado prêmio Hans Christian Andersen em 2016.