tag . tomate

Molho ao Sugo

Um bom molho de tomates, de tipo italiano, é trabalho pra quase um domingo inteiro, diga-se a verdade… Tirar a pele e as sementes leva tempo. Com a prática, até dá pra arriscar o preparo expresso num dia de semana, quando é mais corrido. Mas em geral, para se ter um molho sem acidez e verdadeiramente saboroso, é preciso ter paciência desde a escolha dos tomates, lá na feira ou mercado, quando cada um já dá sinais da sua potência tanto pro bem, como pro mal. E há vários tipos de tomate, por isso, não se deixe enganar pela conveniência dos tipo carmen ou débora, pelo brilho dos tomates holandeses, pela graça dos cerejinhas ou pela grandeza do tipo caqui. O foco do molho ao sugo é justamente o tomate de tipo italiano, não tem outro e não tem negócio. Ecco?! São aqueles tomates mais alongados, durinhos, polpudos, bem vermelhos e normalmente mais caros também. Quase um investimento na máfia italiana, mas vale a pena.

Graças a alguns piccoli segreti, esta receita, – que poderia ser de uma nonna, mas aqui ela é minha – não deixa o sabor ácido e pode acompanhar qualquer tipo de macarrão. Recomendo o clássico spaguetti para uma macarronada infalível, mas aqui o céu é o limite. Vale lembrar que este molho pode ser a base de muitas outras receitas, então… Mangia, che ti fá bene!

maga-metralha_receitas_ingredientes

  • 2kg de tomate italiano maduro
  • 1 cebola roxa picada
  • 1 cabeça de alho picado
  • azeite de oliva extra virgem
  • pimenta do reino
  •  sal
  • uma pitada de açúcar refinado
  • ramos de manjericão

maga-metralha_cuisine_como-preparar-02

  1. Leve uma panela grande de água ao fogo até ferver.
  2. Despele os tomates e tire as sementes.
  3. Frite a cebola e o alho até dourarem.
  4. Passe os tomates no processador.
  5. Adicione os tomates na panela com o tempero frito.
  6. Adicione uma pitada de açúcar para quebrar a acidez.
  7. Adicione sal e pimenta.
  8. Deixe ao fogo, em fervura, por 20 minutos.
  9. Adicione o manjericão.

 

 

Vermelho Amargo

Bartolomeu Campos de Queirós

Este pequeno de papel áspero não passa desapercebido. Delicado, poético e amargo, é um livro que dá ressaca – e olha que só tem 72 páginas! Também dá orgulho do idioma todo lírico, bem trabalhado nas memórias afetivas de um autor que conseguiu autobiografar belamente sua infância. Vermelho Amargo revela uma face diferente de Bartolomeu Campos de Queirós, autor que atuava mais no infanto-juvenil. Recomendo duas vezes: pela obra em si e pela encadernação especial que parece ter sido feita para lembrar a metáfora do livro, um tomate fatiado conforme passamos as páginas, sua capa-casca dura, as laterais lisas, o papel-pele rugoso, as fontes vermelhas  parecem sementes. Como lemos na epígrafe, foi preciso deitar o vermelho sobre papel branco para bem aliviar seu amargor. Um narrador, em primeira pessoa, revisita sua infância, marcada pela ausência da mãe. Vemos os irmãos estranhos, que encontraram maneiras singulares de lidar com sua orfandade, filhos de um pai alcoólatra e de uma madrasta que serve em todas as refeições fatias finas de tomate. Conforme o livro avança, a família vai se desfazendo e o tomate passa a ser dividido em fatias mais grossas. A lembrança das mãos delicadas da mãe retornam ao menino, com ela o tomate era cortado em cruz e se “transfigurava em pequenas embarcações ancoradas na baía da travessa”. Já com a madrasta, que de modo indiferente e frio, cortava o tomate “em fatias, assim finas, capaz de envenenar a todos”, sua realidade, destino e sentimentos seguiam bem diferentes.

Prêmios

Com Vermelho Amargo, Bartolomeu Campos de Queirós e Suzana Montoro, com Os Hungareses, (Ofício das Palavras), foram os ganhadores do Prêmio São Paulo de Literatura 2012. Falecido em janeiro desse ano, Bartolomeu foi o vencedor in memoriam da categoria Melhor Livro do Ano.