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Os meus melhores desejos

Amália Bautista

OS MEUS MELHORES DESEJOS

Que a vida te pareça suportável.
Que a culpa não afogue a esperança.
Que não te rendas nunca.
Que o caminho que sigas seja sempre escolhido entre dois pelo menos.
Que te interesse a vida tanto como tu a ela.
Que não apanhes o vício de prolongar as despedidas.
E que o peso da terra seja leve sobre os teus pobres ossos.
Que a tua lembrança ponha lágrimas nos olhos
de quem nunca te disse que te amava.


In: Amália Bautista, “Os Meus Melhores Desejos”  do livro “Trevo” da editora portuguesa Averno.


Amália Bautista 🇪🇸 (1962–) é uma poetisa espanhola, nascida em Madrid. Os seus poemas têm aparecido em antologias tais como: Una generación para Litoral (1988), Poesia espanhola de agora (1997), Ellas tienenen la palabra (1997), La poesía y el mar (1998), Raíz de amor (1999), La generación del 99 (1999), Un siglo de sonetos en español (2000), Mujeres de carne y verso. É responsável pela edição, prólogo e selecção de Juegos de inteligencia, uma antologia de poesia de Rosario Castellanos (2011).

a última casa da misericórdia

Joan Margarit i Consarnau

CASA DA MISERICÓRDIA

O pai fuzilado.
Ou, como diz o juiz, executado.
A mãe, a miséria e a fome.
a instância que alguém lhe escreve à máquina:
Saludo al vencedor, Segundo Año Triunfal,
Solicito a Vuecencia deixar os filhos
nesta Casa da Misericórdia.

O freio do seu amanhã está numa instância.
Os orfanatos e hospícios eram duros,
mas ainda mais dura era a intempérie.
A verdadeira caridade dá medo.
É como a poesia: um bom poema,
por mais belo que seja, tem de ser cruel.
Não há mais nada. A poesia é agora
a última casa da misericórdia.

Joan Margarit
“Casa da Misericórdia” (tradução de Rita Custódio e Alex Tarradellas), Ovni, 2009. p.33.


Joan Margarit i Consarnau 🇪🇸 (1938 – 2021) nasceu em Sanaüja, na Espanha, e foi um poeta, arquitecto e catedrático da Universidade Politècnica de Catalunya. Recebeu o Prêmio Miguel de Cervantes em 2019. Entre seus principais trabalhos, estão Misteriosament feliç (2008) e Novas cartas a um jovem poeta (2009).


Composição inspirada na ilustração de MJLF do conto ” A Maria Lionça” In: “Contos da Montanha” de Miguel Torga, técnica mista s/ papel, 30×21cm, 1995

O Prazer

María Hesse

Delicado e visceral, como o prazer que exalta: assim é este livro, o mais íntimo e pessoal de María Hesse. Nele, conta-nos como foi o seu caminho para o despertar da sexualidade, um caminho tortuoso semeado de culpa, vergonha e ignorância, que ultrapassou graças a uma curiosidade insaciável e ao exemplo sábio de mulheres que souberam explorar o mistério e o poder da sensualidade, que enfrentaram os preconceitos do seu tempo, que deram um nome àquilo que não tinha nome e pavimentaram e iluminaram a rota do prazer para que outras a pudessem percorrer mais facilmente.


María Hesse (1982–) nasceu em Huelva, mas cresceu em Sevilha, na Espanha, onde vive. Como ilustradora, trabalha para várias revistas, entre as quais a Glamour. É autora de vários livros, dos quais Frida Kahlo: una biografía é o primeiro a ser publicado internacionalmente.