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Sobre gatos

Doris Lessing

Doris Lessing (1919-2013), Prêmio Nobel de Literatura em 2007, é uma das mais reconhecidas escritoras do planeta. Seu caso de amor com gatos começou na infância, na fazenda africana onde cresceu, e sua fascinação pelos felinos só fez aumentar ao longo dos anos em que dividiu sua casa e sua vida com essas “criaturas domesticadas”.

Sobre gatos é uma deliciosa coletânea que reúne três narrativas inéditas no Brasil: “Gatos em particular”, “Rufus, o sobrevivente” e “A velhice de El Magnífico”. É um trabalho de raro afeto e delicada compaixão, sem deixar de lado certa mordacidade, bem ao estilo de sua escrita.

O que une, por exemplo, seres humanos e gatos? Qual é a experiência desse relacionamento sob a ótica de uma escritora tão preocupada com a sociedade, suas perspectivas sociais e políticas? Os apaixonados por gatos vão encontrar nas páginas deste livro momentos de alegria e reflexão…

Os contos de Beedle, o Bardo

J. K. Rowling

Os contos foram traduzidos das runas originais pela personagem Hermione, a partir do velho exemplar herdado por ela. São cinco histórias de fadas diferentes entre si. Histórias populares para jovens bruxos e bruxas, contadas há gerações aos filhos à hora de dormir. Pouco se sabe do passado de seu autor, apenas que Beedle, o Bardo, teria nascido em Yorkshire no século XV e possuía uma longa barba; mas suas histórias foram passadas de geração em geração e têm ajudado muitos pais bruxos. Não muito diferente dos contos escritos para pequenos trouxas.

Enquanto nos livros dos trouxas ela está ligada ao comportamento errado, aqui ela está associada aos heróis e às heroínas que são capazes de realizar mágicas para ajudar os outros. Só que ao mesmo tempo bruxos e bruxas descobrem que esta mesma magia pode lhes causar dificuldades e nem sempre é a solução para todos os problemas. Assim como em alguns contos de fadas, as histórias de Beedle podem assustar criancinhas, mas, por outro lado, as inspiram a serem honestas e a usarem seus poderes para o bem, algo que Dumbledore ressalta a todo momento em suas anotações.
A primeira das histórias, “O bruxo e o caldeirão saltitante”, tem como protagonista o filho de um bruxo muito bom que, após a morte do pai, decide não ajudar os outros como o pai o fazia; “A fonte da sorte” mostra a busca de três bruxas e um cavaleiro por uma fonte, cuja água concede boa sorte a todos aqueles que nela se banharem; em seguida, a mais assustadora das narrativas, “O coração peludo do mago”, sobre um velho bruxo incapaz de amar e uma donzela que em muito lembra as donzelas dos contos de fadas trouxas; antes da já conhecida “O conto dos três irmãos”, Rowling apresenta as aventuras da esperta “Babbity, a coelha, e seu toco gargalhante”.

Os contos de Beedle, o Bardo comprovam mais uma vez o talento de J. K. Rowling para transportar o leitor para o seu universo mágico e único.

Como nuvem eu vagava em solidão

William Wordsworth

Como nuvem eu vagava em solidão
A flutuar acima de colinas e vilas
Quando bem vi dourada multidão,
Uma série de narcisos em fila;
Ladeada ao lago, à sombra d’árvores,
Vibrando e dançando na brisa dos ares.

Contínuos como estrelas que brilham
E cintilam alto na Via Láctea,
Sem fim e em linha se estendiam
Ao longo da margem áquea:
De relance vislumbrei dez mil
Suas cabeças em dança primaveril.

Ao lado as ondas dançavam superadas
Por todos eles em brilho e glosa:
Um poeta só pode ter alma bem-humorada,
Em companhias tão prazerosas:
Olhei – e olhei – mas pouco pensei
Na riqueza do espetáculo que me dei:

Depois, quando solto no sofá
Em modo pensativo ou avião
Eles passam pelo meu íntimo olhar,
O que é uma benção da solidão;
Meu gáudio coração é preenchido,
E dança com seus narcisos.

I wandered lonely as a cloud (1815)
William Wordsworth
[tradução de Julia Medrado]


I wandered lonely as a cloud (1815)
William Wordsworth
I wandered lonely as a cloud
That floats on high o’er vales and hills,
When all at once I saw a crowd,
A host, of golden daffodils;
Beside the lake, beneath the trees,
Fluttering and dancing in the breeze.
Continuous as the stars that shine
And twinkle on the milky way,
They stretched in never-ending line
Along the margin of a bay:
Ten thousand saw I at a glance,
Tossing their heads in sprightly dance.
The waves beside them danced; but they
Out-did the sparkling waves in glee:
A poet could not but be gay,
In such a jocund company:
I gazed—and gazed—but little thought
What wealth the show to me had brought:
For oft, when on my couch I lie
In vacant or in pensive mood,
They flash upon that inward eye
Which is the bliss of solitude;
And then my heart with pleasure fills,
And dances with the daffodils.


Outras traduções:
– Miscelânia cultural (inglês) link
– Los narcisos (espanhol) link


Imagem de capa:
Daffodils at Ullswater da artista inglesa Margaret Ellis


William Wordsworth 🇬🇧 (1770 – 1850) foi o maior poeta romântico inglês que, ao lado de Coleridge, ajudou a lançar o romantismo na literatura inglesa com a publicação conjunta, em 1798, das Lyrical Ballads.