✨ Poesia

Não ser devorado

Clarice Lispector
Não ser devorado é o objetivo secreto de toda uma vida. / Clarice Lispector 🇧🇷 (1920-1977) foi uma escritora e jornalista brasileira nascida na Ucrânia. Autora de romances, contos e ensaios, é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX. Estudou Direito na Universidade Federal do Rio...

O mundo exterior

Denise Levertov
I Uma sombra em fulgor na parede da cozinha: peregrinação repentina de pombos, uma celebração do ar em espiral, dos céus desertos. E na janela do apartamento o brilho lustroso de uma melancia: mancha solar dirigindo-se para oeste, de regresso a Hoboken. / In: Easy to Love, antologia poesia...

Se o amor, como tudo, é questão de palavras

Luis Garcia Montero
Se o amor, como tudo, é questão de palavras, aproximar-me do teu corpo foi criar um idioma. / Luis Garcia Montero (excerto do poema O Amor), As Lições da Intimidade, tradução de Nuno Júdice, edição abysmo / Luis Garcia Montero 🇪🇸 (1958–) Nascido em Granada, casado com Almudena...

As expansões de ternura

Graciliano Ramos
As expansões de ternura exigem a solidão. Silêncio, calma, nada de rumor.   In: Graciliano Ramos, Linhas Tortas. Ed. Record; 7.ª edição (1979) / Graciliano Ramos 🇧🇷 (1892-1953) foi um escritor brasileiro de Alagoas. O romance Vidas Secas foi sua obra de maior destaque. É considerado o melhor ficcionista...

Tudo neste mundo provém duma luz que se apagou…

Teixeira de Pascoaes
Tudo neste mundo provém duma luz que se apagou… Por isso, eu vi na Sombra a essência das cousas, a luz da vida, a alma! / Teixeira de Pascoaes, Verbo Escuro, ed. / Teixeira de Pascoaes 🇵🇹(1877-1952), pseudônimo de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, nascido em Amarante, foi um...

às vezes se deseja escapar da estupidez

Boris Pasternak
Como às vezes se deseja escapar da estupidez sem sentido da eloquência humana, de todas essas frases sublimes, para refugiar-se na natureza, aparentemente tão inarticulada, ou na falta de palavras de um longo trabalho árduo, de um sono profundo, de uma música verdadeira, ou de uma compreensão humana, emudecida...

Senhora da Noite; Verbo Escuro

Teixeira de Pascoaes
I. Pergunta o homem ao seu espírito: «Que me dizes tu da morte?» II. « – Eis uma estranha pergunta! O homem não compreende a morte, por isso mesmo que é mortal; quando fala da morte, é como se falasse ainda da vida… Só eu a compreendo, eu -,...

paixão por uma língua

Gabriela Gomes
nenhuma paixão por uma língua é tão forte quanto àquela que te faz parir em outra terra / In: Gabriela Gomes, Língua-mãe, Porto, ed. Fresca   / Gabriela...

tudo é cor de rosa

Fiódor Dostoiévski
“E agora é primavera, então minhas ideias são sempre tão bonitas, nítidas, inventivas, e os sonhos que tenho são ternos; tudo é cor de rosa.”   “And now it’s spring, so my ideas are always so nice, sharp, inventive, and the dreams I have are tender; everything is rose-coloured.”...

Meditación en el umbral

Rosario Castellanos
No, no es la solución tirarse bajo un tren como la Ana de Tolstoi ni apurar el arsénico de Madame Bovary ni aguardar en los páramos de Ávila la visita del ángel con venablo antes de liarse el manto a la cabeza y comenzar a actuar. No concluir las...

Perdoa-me se continuo a…

Filipa Leal
Perdoa-me se continuo a fazer pouca ginástica, se continuo a fazer coisas como poemas de amor. Enquanto tu, de mãos no volante, continuas a entrar na minha rua em sentido contrário.   In: Filipa Leal / Filipa Leal 🇵🇹 (1979-) é uma escritora, poetisa, argumentista e jornalista portuguesa nascida...

Indolência ou Preguiça

Lao Tzu
“A cada vez, menos é feito. Até que a não-ação seja alcançada. Quando nada é feito, nada fica por fazer.”   Lao Tzu / Félix Vallotton, Indolência ou Preguiça, 1896 | A arte está repleta de representações onde a indolência não é explícita, mas esta xilogravura coloca a personagem...

Não há matéria para se fazer a tristeza

Eucanaã Ferraz
Não há matéria para se fazer a tristeza nessa manhã, manhã perfeita se a mão que me deu maio fosse a tua. / In: Eucanaã Ferraz, Cinemateca, ed. Companhia das Letras / Eucanaã Ferraz 🇧🇷 (1961-) é um poeta nascido no Rio de Janeiro, publicou, entre outros, os livros...

O Pobre Tolo

Teixeira de Pascoaes
O Pobre Tolo, escrito em 1923 e reescrito sete anos mais tarde, sob a designação de “elegia satírica”, é, segundo Tolentino de Mendonça, no seu prefácio a esta obra, uma “fantasia ao crepúsculo”, um “drama sonhado na ponte de S. Gonçalo”. No meio da ponte de S. Gonçalo, em...

Dias de Sísifo

Ida Vitale
Do sempre amanhecer pelas manhãs** para ir anoitecendo o dia todo. / Ida Vitale, in Não sonhar flores, ed. Roça Nova, tradução: Heloísa Jahn / Ida Vitale (1923-) é uma poeta, tradutora, ensaísta, professora e crítica literária uruguaia membro do movimento artístico denominado Geração do 45 e representante da...

que caminho difícil é

Abbas Kiarostami
Que caminho difícil é a passagem da noite, do dia do bem, do mal do silêncio do tumulto do ódio da raiva do amor do amor / Abbas Kiarostami, FLORES SILVESTRES (poemas escolhidos), tradução de Bernardo Sá, edição Flâneur / Abbas Kiarostami 🇮🇷 (1949-2016) foi um poeta, cineasta, roteirista,...

Compaixão

Anne Sexton
Pela primeira vez editada no Brasil, em edição bilíngue o trabalho inovador de Anne Sexton, a poeta que abriu caminho para gerações de escritoras, em uma seleção feita por sua filha e executora literária, Linda Gray Sexton, com tradução de Bruna Beber. Anne Sexton fez um trabalho que, em...

La húmeda torre

Delmira Agustini
¡Oh Tú! Yo vivía en la torre inclinada de la Melancolía… Las arañas del tedio, las arañas más grises, en silencio y en gris tejían y tejían. ¡Oh, la húmeda torre!… Llena de la presencia siniestra de un gran búho, como un alma en pena; Tan mudo que el...

If I had a flower

Alfred Tennyson
“If I had a flower for every time I thought of you… I could walk through my garden forever.” / “Se eu tivesse uma flor para cada vez que penso em você… poderia caminhar pelo meu jardim para sempre.” / Alfred Tennyson 🇬🇧 (1809-1892) 1º Barão Tennyson FRS foi...

Expedição: Nebulosa

Marília Garcia
“por que você não escreve com/ emoção?/ alguém pergunta/ e eu amarro a pergunta/ na ponta desse poema/ deixo tombar até o fundo/ do mar”, escreve Marília Garcia em “Canção da linha”. Em seu novo livro, a autora do premiado Câmera lenta se concentra na figura mitológica da ninfa...